Quem foi a mulher que revolucionou a indústria com a criação do filtro de café em meio a 2 guerras mundiais?

Agora que eu citei o nome dela, provavelmente você já conseguiu ligá-lo a uma marca específica do mercado, acertei? 

Sim, Melitta Bentz a empresária por trás da marca Melitta.

Especificamente no vídeo de hoje eu vou te contar um pouco de como se deu a criação do filtro.

A mulher que criou o filtro de café 

Melitta Benz tinha costume, assim como muitos de nós, de tomar uma xícara de café pela manhã todos os dias. Porém, sempre ficava incomodada com os grãos da borra da bebida que encontrava no fundo das xícaras, sem contar no amargor que isso trazia. 

Foi então que ela começou a pensar em como poderia mudar isso, como poderia fazer com que esse hábito, que estava entrando cada vez mais na vida dos alemães, pudesse ser mais agradável. 

Ela começou com alguns experimentos na sua cozinha mesmo. Tentou inúmeras possibilidades de fazer com que os grãos não ficassem acumulados no fundo das xícaras, até que teve a ideia de pegar uma folha do caderno que seu filho levava para a escola, e colocar em uma lata que ela havia feito vários furinhos.

Ela basicamente colocou a bebida em pó e jogou água quente. 

Foi aí que ela percebeu que daquela forma os grãos não passavam pra xícara, eles ficavam presos pelos buraquinhos e o líquido ficava muito mais agradável de ser consumido. 

E foi assim que ela criou o primeiro filtro de café do mundo.

Mas Melitta não queria só criar e usufruir sozinha daquilo. Então ela pensou em fazer “tardes de café”, como costumava chamar, em sua casa, junto com algumas amigas, a fim de mostrar sua criação e como era realmente útil. 

Depois disso foi só sucesso com o filtro. Em 1908 ela e o marido, Hugo Bentz, patentearam o produto e abriram uma empresa na junta comercial de Dresden, cidade em que morava, na Alemanha, para produção e venda desses filtros.

Melitta começou a notar que não havia mais nenhum outro produto como o seu, e por isso decidiu visitar lojas e armazéns na esperança de que eles comprassem sua invenção para comercializar.

Em paralelo a isso ela transformou sua própria casa em uma espécie de oficina. Melitta simplesmente utilizava todos os quartos da casa para produção dos filtros. Até seus filhos entraram na dança: eles faziam as entregas, tudo em carrinhos de mão.

Um ano depois eles já estavam comercializando mais de 1000 filtros na Feira Comercial de Leipzig, na Alemanha. Em 1914, cinco anos depois, Melitta Bentz já era considerada uma empresária nata, uma vez que a demanda só aumentava.

Sua casa já não dava mais conta da produção em massa, então eles decidiram transferir o local para uma antiga serralheria. Bentz fez a contratação de 15 pessoas e não teve medo de investir, tendo em vista que estava no início e sabia muito bem do potencial de sua criação. Começou a comprar grandes máquinas, o que ajudou a acelerar a produção.

A chegada da 1ª Guerra Mundial

Mesmo estando tudo aparentemente perfeito… chegou a primeira Guerra Mundial e com ela, prejuízos para o empreendedorismo de Melitta. 

Esse conflito inesperado levou seu marido e seu filho mais velho para o exército alemão. Mas mesmo assim ela não desistiu do que gostava de fazer e continuou a produção como pôde, com a ajuda do filho mais novo, principalmente porque agora estava precisando mais do que nunca de renda para a família. 

Acontece que com a Guerra algumas importações ficaram pausadas. O grão da bebida e o papel eram alguns desses produtos, o que ocasionou bastante dificuldade para Melitta, que acabou ficando impossibilitada de seguir com a produção. 

Mas como “desistir” não estava no seu vocabulário, ela começou a vender caixas de papelão enquanto as coisas não voltavam ao normal. 

A 1ª Guerra Mundial chegou ao fim, e com ela, o retorno dos pedidos pelo objeto que Melitta produzia. Isso ajudou na expansão acelerada do negócio, e foi bem nessa época que ela determinou alguns benefícios para seus funcionários, como bônus de natal, aumento dos dias de férias e redução da jornada de trabalho para apenas 5 dias na semana. 

Em 1937 Melitta aperfeiçoou o método de coar, inovando o suporte do filtro, e quando viu que o papel e o suporte se encaixavam perfeitamente, tratou de também patentear o suporte, com o título de “filtro de passar café”.

A 2ª Guerra Mundial

E como se não bastasse a 1ª Guerra Mundial, chegou a 2ª Guerra Mundial, que interrompeu mais uma vez o sonho de Melitta.

Dessa vez Hitler estava no poder e simplesmente proibiu a fabricação de filtros, ou seja, o regime nazista obrigou Melitta a produzir algo que poderia ser comercialziado naquele período.

E o que eram? Artigos bélicos!

Sim, Melitta passou a produzir armamento e também a fornecer suprimentos militares, e dessa forma sua fábrica passou a colaborar diretamente com a Alemanha, atuando como uma indústria nacional-socialista. 

Depois que a 2ª Guerra Mundial acabou, a empresária ainda contribuiu com um programa social de compensação às vítimas de trabalhos forçados pelos nazistas. 

Melitta Bentz só retornou à produção normalmente por volta de 1947, e 3 anos depois, com 77 anos, acabou falecendo. 

O legado deixado por Melitta

Após sua morte, seus filhos continuaram com as produções dos filtros, e em 1959, eles construíram uma nova fábrica na cidade de Minden, também na Alemanha. 

Para essa fábrica eles investiram na máquina de papel mais avançada da Europa, e por sinal, a fábrica continua ativa até hoje. 

Os anos foram passando e os irmãos foram diversificando os negócios, criando sacos para aspiradores de pó e mais alguns eletrodomésticos.

O Grupo Melitta no Brasil

O Grupo Melitta chegou ao Brasil no ano de 1968 e o objetivo dos filhos de Melitta era trazer para cá a inovação e melhorias em relação à bebida. 

Atualmente o Grupo Melitta empresa mais de 5 mil pessoas ao redor do mundo e nos últimos relatórios divulgados da empresa, referente ao ano de 2021, consta lucro de mais de US$ 2 bilhões, ou seja, quase R$ 10 bilhões de reais. 

Sem contar em um catálogo vasto de diversos produtos, como cafés, cápsulas, chaleiras, garrafas térmicas, canecas, xícaras e muitas outras opções. 

Bom, com a história da marca Melitta você consegue enxergar a importância de não desistir em meio às dificuldades? Quanto se trata de empreendedorismo, sabemos que haverão inúmeros obstáculos, e no caso da protagonista aqui da história que eu contei, foram ocasiões que infelizmente não poderiam ser alteradas e nada daria para ser feito a não ser tentar se adaptar ao momento, e tirar a melhor visão daquilo. 

E foi exatamente o que Melitta e sua família fizeram.